Seu Filho Recusa Certos Alimentos? Entenda a Dificuldade Alimentar

Dificuldade Alimentar Infantil: Como Identificar e Quando Buscar Ajuda

A introdução alimentar é um momento desafiador para muitos pais, e a recusa de certos alimentos pode gerar preocupações. No entanto, é importante diferenciar seletividade alimentar de dificuldade alimentar, já que cada condição exige abordagens distintas.

Seletividade ou Dificuldade Alimentar?

De acordo com a fonoaudióloga Carla Deliberato, especialista no tema, a seletividade alimentar ocorre quando a criança rejeita alguns alimentos por fatores como sabor, textura, odor ou aparência, mas ainda aceita pelo menos um item de cada grupo alimentar. Por exemplo, pode recusar carne e peixe, mas consumir frango.

Já a dificuldade alimentar é mais severa, pois a criança pode rejeitar grupos inteiros de alimentos, independentemente da forma de preparo. Nesses casos, além da relutância em experimentar novos sabores, a proximidade com determinados alimentos pode causar náuseas e vômitos.

O Impacto no Dia a Dia da Família

A dificuldade alimentar pode afetar a rotina familiar, tornando eventos como viagens e refeições fora de casa um grande desafio. Muitas crianças se acostumam a um ambiente alimentar restrito, aceitando apenas os pratos preparados por familiares próximos, o que limita as opções e dificulta a socialização.

A Rejeição de Carnes e a Mastigação

Um dos desafios mais comuns é a recusa de proteínas animais. Alguns pais acreditam que seus filhos possuem uma inclinação natural ao vegetarianismo, mas, segundo Carla, a questão pode estar relacionada à dificuldade de mastigação. Carnes são mais fibrosas e exigem maior esforço para serem processadas, o que pode ser um obstáculo para crianças que não desenvolveram bem essa habilidade na introdução alimentar.

Quando Procurar Ajuda Profissional?

Se a criança rejeita grupos alimentares inteiros, os pais devem buscar orientação profissional para evitar deficiências nutricionais que possam comprometer o desenvolvimento. O fonoaudiólogo especializado em motricidade oral é o profissional mais indicado para avaliar a questão, pois ele investiga possíveis causas sensoriais, motoras e emocionais associadas ao problema.

Questões como refluxo gastroesofágico, alergias alimentares, problemas respiratórios (sinusite, aumento das amígdalas) e até fatores emocionais podem influenciar a alimentação. Em alguns casos, a recusa alimentar pode estar ligada à dinâmica familiar e demandar acompanhamento psicológico.

Como Funciona o Tratamento?

O tratamento é baseado em uma avaliação detalhada e, se necessário, exames complementares. A terapia alimentar é um dos métodos mais eficazes para ajudar a criança a construir uma relação positiva com os alimentos. Estratégias lúdicas, como a adaptação de texturas e formatos, são usadas para tornar o processo mais acessível.

Por exemplo, se a criança não aceita arroz, pode-se introduzi-lo inicialmente em formato de bolinhos, criando uma associação mais positiva antes de chegar à forma tradicional do alimento. O envolvimento da família é essencial para o sucesso da terapia e para a reeducação alimentar da criança.

Entender as diferenças entre seletividade e dificuldade alimentar é o primeiro passo para oferecer o suporte adequado e garantir uma alimentação equilibrada, essencial para o desenvolvimento infantil.